3 de abr. de 2010

BLOCO DE CONSTRUÇÃO "DANÇA COM SURREALISMO"

Disciplina: Dança






1. INTRODUÇÃO


Planta da construção


Nosso trabalho se constituiu em um bloco de construção um tanto quanto complexo demais, parecia que não tinha produto, que não iria chegar nunca em numa síntese. O grupo teve várias idéias sobre o que é dança surreal, entre essas surgiram as hipóteses de dançar como se estivéssemos em uma guerra, dançar com a roupa do sexo oposto, inventar um estilo de dança... Mais com o passar dos dias vimos que tudo que pensamos e criamos vem do e com o silêncio, seja uma idéia ou até mesmo uma fala, um diálogo etc., tudo surge com o silêncio antes. Nossa primeira idéia se deu numa vontade de uma dança com homens vestidos de mulher e mulheres vestidas de homem com o Surrealismo sendo e acontecendo ali como uma impactante idéia de que homens não são totalmente homens e mulheres não serem por um todo mulheres, pois se olharmos numa perspectiva evolutiva ou de constantes interações, consequentemente teremos um pouco de cada um em nós, o psicanalista Ricardo Goldenberg proferiu uma frase muito esclarecedora sobre as relações humanas: “Para saber de mim eu preciso atravessar o outro”.


Depois nos veio à idéia de dançar no metrô, discutimos uns dez minutos sobre o assunto e logo a conversa “esfriou”; era um plano de mobilização do público que supostamente estivesse esperando seu trem para ir para sua casa, nós chegaríamos em uma estação e começaríamos a expor uma coreografia, mas nós mesmos julgamos que iria ser difícil, pelo menos para agora, essa suposta mobilização de um público. Uma nova idéia de composição nos surgiu, um integrante expôs um tema muito fácil de ser trabalhado: O Silêncio; pois é assunto que se desenvolve com uma originalidade suprema, nossa idéia era de trabalhar esse assunto e desenvolvê-lo em todo o seminário, mas só conseguimos por em prática apenas uma parte, acho que porque estamos muito condicionados ao barulho, som a qualquer custo, som à toa! Samuel Beckett, O Profeta do Silêncio, citou que:


“A expressão de que não há nada há expressar, nada com que se expressar, nada a partir do que expressar, nenhuma possibilidade de expressar, nenhum desejo de expressar, aliado à obrigação de expressar”. (Samuel Beckett)


Como algo mais sólido ou concreto tinha que surgir, pois o que já tinha sido composto estava “cru”, nos veio uma luz de trabalhar com imagens do grupo dançando diversos ritmos musicais: Samba, Hip Hop, Forró etc., e na hora do vídeo apresentado somente trocaríamos as músicas, dando uma idéia de Surrealismo, de que não é a música por completo que faz o ritmo e sim a imaginação de cada um! O Surrealismo se encaixa aí como uma luva, porque ele nos vem como uma idéia do homem se apropriando e efetivando-se completamente no mundo que o circunda e consequentemente dançando um ritmo com uma música que “supostamente deveria” ser dançado com aquele ritmo pré-determinado por ela.


“Uma paixão negativa, de destruição e de recusa de quanto entrave a integral apropriação pelo homem do seu próprio mundo e do mundo que o circunda; portanto, a destruição e a recusa de toda a legislação, de todos os tabus sociais, patrióticos ou religiosos, e muito particularmente, os preceitos sexuais pedagógicos, hierárquicos, exigindo-se e proclamando-se a virtude do escândalo, da revolta, do sacrilégio”.




2. DESENVOVIMENTO


O projeto sai do papel



2.1 Tempo

O homem opera no espaço, com seu próprio tempo e num particular momento do processo histórico. Cada presente temporal é um momento que conte, um passado e que se projeta para o futuro. Nesse devir, a rigor, a distinção entre o presente, passada e futuro é quase convencional, porque o tempo é um incessante transcorre que, num preciso instante qualquer, no momento mesmo em que é pensado ou vivido, deixa de ser presente e se torna passado. Tanto quando percorremos o passado ou projetamos o futuro, estamos sempre num aqui e agora, que implica os três tempos históricos. Tempo é duração não casual de um movimento. Esse tempo se encontra em relação com uma constante de lentidão ou rapidez peculiar a cada individuo.
Tempo interior – está dotado, por assim dizer, de uma música própria: um ritmo, uma melodia, talvez um certo fraseado próprio.

Tempo em relação com o vídeo
Podemos ver que a Amanda está mais acelerada do que o outro por um tempo interior ser mais acelerado, mais isso não vê somente no dia a dia, mas em um contexto geral.


2.1.1 Tempo exterior

Está baseado no entorno e nas fontes sonoras instalas fora do individuo.

Tempo exterior em relação ao vídeo
Vimos quando Amanda diz: rápido, rápido! E em seguida a Simone diz: Olha o ritmo... Pois estamos mais lentos ao compasso da musica, usando o exterior.


2.1.2 Tempo-ritmo

O tempo de uma série de movimento consiste na combinação de duração iguais ou diferentes de unidades de tempo. Estas podem ser representadas pelas notações musicais de valores de tempo. O tempo-ritmo são independente do tempo de todo à seqüência de movimentos. O mesmo ritmo pode ser executado em tempos diferentes, sem alterar a duração proporcional de cada unidade de tempo. Qualquer ação corporal pode parada e retirada por um período de tempo. A duração de pausa ser medida por unidades de tempo proporcionais a dos movimentos que introduzem e concluem o período de parada.

Tempo-ritmo em relação ao vídeo
Depois da fala de ambas meninas acontece o tempo-ritmo, pois ficamos em um mesmo passo junto com o tempo da música.


2.2 Espaço

A dimensão espacial pode ser sentida, percebida e explorada através do movimento corporal. O espaço exterior compreende tudo o que está além da pele; é o âmbito do mundo físico circundante. Uma vez que a relação pessoa-espaço exterior se estabelece especialmente através de visão, quanto mais se aguce e o olhar projetado para dentro e para fora, tanto melhor será a atitude postural do aluno e sua possibilidade de construir e desfrutar objetos visuais.
Da relação entre o espaço do interior do corpo e o espaço físico exterior derivam múltiplas dimensões e formas que geram diversos desenho e formas no tempo.
O espaço constitui uma questão muito complexa. Mas em nossa pratica empregamos esse vocábulo nem sentido particular compreensível. Deixamos de lado qualquer discussão filosófica e toda concepção a priori. Quando dizemos espaço aludimos e esse âmbito que transformamos e modificamos com o movimento corporal.

Espaço em relação ao vídeo
Podemos ver quando damos o giro, pois temos que ter a visão completa do espaço.


2.3 Peso
“Este componente do movimento nos informa sobre o que se move a favor ou contra a força da gravidade. Um movimento forte é aquele que vai contra a gravidade denotando uma atitude ativa. No movimento forte há um esforço firme, uma resistência forte ao peso e uma sensação de movimento pesado. Quando cedemos e ficamos pesados, temos uma atitude passiva. Se o movimento é para cima com uma atitude ativa, este é um movimento com resistência fraca ao peso e de sensação leve, com isso, temos o toque suave ou leve. Se tivermos um movimento para cima com uma atitude passiva, este é leve. A atitude ativa sempre age em dupla com a passiva como a recuperação de nossa força” (ALVES, 1997 apud CORDEIRO, 1997).


Peso em relação ao vídeo
Acontece quando fazemos o passo para frente ou para trás, pois tem que haver um peso maior, como relaciona o texto.


2.4 Fluência

A fluência ainda composta os movimento de resistência e de contra-movimento; cada um destes é diferente em estado de espírito, e em significado, não se referindo ambos nem à direção, nem à velocidade, nem à força.

2.4.1 O elemento de esforço de fluência “controlada” ou obstruída consiste na prontidão para se interromper o fluxo normal e na sensação de pausa. Quando associada a outros elementos do esforço, tais como forte e o direto, confere ao movimento qualidade de restringir. Origina-se numa prontidão interna para ação a qualquer momento dado. A fluência parece fluir para trás, ou seja, numa direção contraria a da ação.

2.4.2 O elemento de esforço de fluência “livre” consiste num fluxo libertado e na sensação de fluidez do movimento. Sensação é uma expressão de esforço atividade pela libertação do fluxo, que, dotado de uma capacidade emissora auxiliar o fluir para fora, ou seja, progressivo, características da fluência livre.

Fluência em relação ao vídeo
Ocorre só mente ao final do vídeo, pois é um conjunto de um todo os passos, ocorrendo uma fluência.


2.5 Aprendizagem

O ser humano nasce potencialmente inclinado a aprender, e isso vai ocorrer por toda a sua vida, necessitando de estímulos externos e internos (motivação, necessidade) para o aprendizado. Há aprendizados que podem ser considerados natos, como o ato de aprender a falar, a andar, necessitando que ele passe pelo pro processo de maturação física, psicológico e social. Na maioria dos casos a aprendizagem se dá no meio social e temporal em que o indivíduo convive; sua conduta muda, normalmente, por esses fatores, e por predisposições genéticas.

"Processo interno que produz alterações consistentes no comportamento individual em decorrência das interações da experiência, da educação e do treinamento com processo biológico. É um fenômeno no qual a experiência é pré-requisito, o desenvolvimento, em oposição, é um processo que pode ocorrer independentemente da experiência". (GALLAHUE, 2005).

O processo de aprendizagem ocorre em 3 etapas:

  1. Cognitivo (pensamos na idéia e depois executamos o movimento estabelecido, processo esse que a margem de erros são grandes),
  2. Associativo (quando o individuo começa a associar as idéias e já consegue executar o movimento com uma certa facilidade só que ainda com erros)
  3. Autônomo (processo esse que o próprio nome já diz, automático ele faz sozinho sem ter que pensar, ou associar, algo livre e espontâneo).

Aprendizagem em relação ao vídeo
No vídeo a um processo de aprendizagem quando ensinamos os passos a serem executados, mais não á aprendizagem em e si, mais sim um outro processo que seria o da percepção motora (o processo de organização de novas informações a partir daquela já armazenada, que leva a um ato ou manifesto ou desempenho motor), pois só conseguimos ver os “alunos” repedindo o movimento que está sendo executado, ou seja, passando pelo processo cognitivo, e ficando no associativo não vimos no vídeo o autônomo, pois a todo o momento tem a “ajuda” de um “guia” na frente.



3. CONCLUSÃO


Contudo nosso trabalho se deu com um produto final muito eclético! De última hora nos veio uma idéia de mostrar no vídeo, um tópico de dança com sombras, nós gravamos um vídeo com coreografias não estipuladas, mas sim, de acordo com nossa imaginação de dançar qualquer ritmo, pegamos um retroprojetor que refletiu nossas sombras na parede. Produto final, vídeo pronto, eclético porem com uma “pitadinha” e um “gostinho” de fracasso em relação àquela idéia do silêncio, porque é um tópico de origem das coisas, mas a nossa incapacidade ficou evidente devido a nossa sonoridade barulhenta.




Bibliografia



LABAN, Rudolf. Domínio do movimento. 3ªed. São Paulo: Summus, 1978.

BRIKMAN, Lola. A linguagem do movimento corporal. 2ªed. São Paulo: Summus, 1989.

ALVES, Flávio Soares. A Dança Break: uma análise dos fatores componentes do esforço no duplo movimento de ver e sentir. Motriz, Rio Claro, v.13 n.1 p.24-32, jan./mar. 2007

SCHMIDT, Richard A. Aprendizagem e Performance Motora: uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

GALLAHUE, David L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3ªed. São Paulo: Phorte, 2005. 585p

FORTINI Franco, O Movimento Surrealista. 2ª edição, Editorial Presença,1980.

Revista Cult, n° 142, Dezembro/ 2009- ano12; Dossiê Samuel Beckett, A obra plural que ultrapassou as fronteiras artísticas no século 20.
http://viatarot.blogspot.com/2009/10/utopia-do-auto-conhecimento.html